Os Temas transversais, de
forma bastante simples, contemplam os problemas da sociedade brasileira,
buscando em sua abordagem encontrar soluções e conscientizar os sujeitos acerca
dessa necessidade.
O conjunto desses temas
citados pelos PCNs (BRASIL, 1997; 1998) são: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade
Cultural, Saúde, Orientação Sexual, como também Trabalho e Consumo. Esses
temas foram propostos para toda a escola, ou seja, devem ser tratados por todas
as disciplinas escolares, inclusive pela Educação Física.
Queremos relacionar aqui, o
tema Pluralidade
Cultural dentro de uma das competências
propostas da teoria critico-emancipatória de Kunz, que é a competência social.
Como já citamos em outros
textos aqui, nessa competência social, o aluno "deverá compreender as diferentes relações que o homem tem em
uma sociedade, como relações históricas, culturais, sociais, também devem
entender os problemas que o norteiam e as contradições das relações que habitam
ao seu redor".
O tema transversal
“Pluralidade Cultural” tem como objetivo o desenvolvimento do respeito e da
valorização das diversas culturas existentes no Brasil, contribuindo assim para
uma convivência mais harmoniosa em sociedade, com o repúdio a todas as formas
de discriminação. Uma das formas de se trabalhar o tema transversal
“Pluralidade Cultural”, na área de Educação Física, pode ser por meio de
vivências das diferentes “manifestações da cultura corporal”, utilizando para
isso os esportes, as danças e as lutas, como forma de conhecê-las e
valorizá-las.
Kunz (1994) afirma "Enquanto
competência social penso, especialmente, nos conhecimentos e esclarecimentos
que o aluno deve adquirir para atender as relações socioculturais do contexto
em que vive, dos problemas e contradições dessas relações, os diferentes papéis
que os indivíduos assumem numa sociedade, no esporte, e como esses se
estabelecem para atender diferentes expectativas sociais. No caso do esporte,
especialmente, a competência social deve atuar, também, no sentido de desvelar
diferenças e discriminações [...]."
Para viver democraticamente em uma
sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a
constituem. A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como
por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migrações colocam em
contato grupos diferenciados. Sabe-se que as regiões brasileiras têm
características culturais bastante diversas e a convivência entre grupos
diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo
preconceito e pela discriminação.
O grande desafio da escola é investir na
superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada pela
diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro,
valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse
sentido, a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver,
vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão
cultural.
O professor de Educação Física,
assim como dos demais componentes curriculares, deve estar sempre preparado
para coibir a prática de atividades e atitudes discriminatórias e excludentes,
no momento da sua ocorrência, através do diálogo. Porém, para isso, é
necessário que o próprio profissional reflita se, em sua própria prática, está
ou não valorizando ou realizando atitudes discriminatórias, muitas vezes, tão
sutis e não percebidas por ele mesmo, mas que influenciam seus alunos.
É preciso usar os temas transversais dentro das aulas de Educação Física com a
expectativa de libertar, segundo Kunz (2001), os alunos de falsas ilusões,
interesses e desejos criados e construídos neles pela visão de mundo que lhes
são apresentados a partir de “conhecimentos” colocados a sua disposição pelo
contexto sócio-cultural local. Contexto esse, geralmente por uma
visão de mundo regida pelo consumo, pelo modelo, pelo melhor, mais bonito e
mais correto. Mas para que isso aconteça, é determinante que o educador seja um
indivíduo emancipado de tais ilusões e acima de tudo, consciente da importância
do seu papel profissional como educador.
Referências:
- KUNZ, Elenor. Transformação Didático-Pedagógica do Esporte. 4. ed. Rio Grande do Sul: UNIJUÍ, 1994.