quinta-feira, 2 de junho de 2016

Pluralidade Cultural e a Competência Social: Um tema transversal no currículo escolar, na qual contemple a Educação Física, dentro da abordagem crítico-emancipatória.

Os Temas transversais, de forma bastante simples, contemplam os problemas da sociedade brasileira, buscando em sua abordagem encontrar soluções e conscientizar os sujeitos acerca dessa necessidade.
O conjunto desses temas citados pelos PCNs (BRASIL, 1997; 1998) são: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual, como também Trabalho e Consumo. Esses temas foram propostos para toda a escola, ou seja, devem ser tratados por todas as disciplinas escolares, inclusive pela Educação Física.
Queremos relacionar aqui, o tema Pluralidade Cultural dentro de uma das competências propostas da teoria critico-emancipatória de Kunz, que é a competência social.
Como já citamos em outros textos aqui, nessa competência social, o aluno "deverá compreender as diferentes relações que o homem tem em uma sociedade, como relações históricas, culturais, sociais, também devem entender os problemas que o norteiam e as contradições das relações que habitam ao seu redor".
O tema transversal “Pluralidade Cultural” tem como objetivo o desenvolvimento do respeito e da valorização das diversas culturas existentes no Brasil, contribuindo assim para uma convivência mais harmoniosa em sociedade, com o repúdio a todas as formas de discriminação.  Uma das formas de se trabalhar o tema transversal “Pluralidade Cultural”, na área de Educação Física, pode ser por meio de vivências das diferentes “manifestações da cultura corporal”, utilizando para isso os esportes, as danças e as lutas, como forma de conhecê-las e valorizá-las. 
Kunz (1994) afirma "Enquanto competência social penso, especialmente, nos conhecimentos e esclarecimentos que o aluno deve adquirir para atender as relações socioculturais do contexto em que vive, dos problemas e contradições dessas relações, os diferentes papéis que os indivíduos assumem numa sociedade, no esporte, e como esses se estabelecem para atender diferentes expectativas sociais. No caso do esporte, especialmente, a competência social deve atuar, também, no sentido de desvelar diferenças e discriminações [...]."
Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migrações colocam em contato grupos diferenciados. Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e a convivência entre grupos diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação. 
O grande desafio da escola é investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada pela diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural. 
O professor de Educação Física, assim como dos demais componentes curriculares, deve estar sempre preparado para coibir a prática de atividades e atitudes discriminatórias e excludentes, no momento da sua ocorrência, através do diálogo. Porém, para isso, é necessário que o próprio profissional reflita se, em sua própria prática, está ou não valorizando ou realizando atitudes discriminatórias, muitas vezes, tão sutis e não percebidas por ele mesmo, mas que influenciam seus alunos.
É preciso usar os temas transversais dentro das aulas de Educação Física com a expectativa de libertar, segundo Kunz (2001), os alunos de falsas ilusões, interesses e desejos criados e construídos neles pela visão de mundo que lhes são apresentados a partir de “conhecimentos” colocados a sua disposição pelo contexto sócio-cultural local. Contexto esse, geralmente por uma visão de mundo regida pelo consumo, pelo modelo, pelo melhor, mais bonito e mais correto. Mas para que isso aconteça, é determinante que o educador seja um indivíduo emancipado de tais ilusões e acima de tudo, consciente da importância do seu papel profissional como educador.


Referências:
  • KUNZ, Elenor. Transformação Didático-Pedagógica do Esporte. 4. ed. Rio Grande do Sul: UNIJUÍ, 1994.

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